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Nesta cidade nem todo mundo é d'Oxum

Nesta cidade nem todo mundo é d'Oxum

                                              Braulino Pereira de Santana, professor Adjunto da UNEB-DEDC, doutor em Linguística pela UFBA.     

‘Nessa cidade nem todo mundo é d´Oxum’ ou o golpe da subalternidade: a falsa baianidade da axé music

 

1. Prólogo: As palavras ditas a seguir pretendem encontrar um lugar discursivo no mesmo espaço ocupado por 1) apropriação, pela indústria, da arte musical produzida por negros de Salvador; 2) estratégias de perpetuação das exclusões étnicas na Bahia e 3) como identidades subalternas são utilizadas como mecanismos de manutenção de privilégios e confortos nesse jogo de perpetuação e apropriação. Como a forma de usurpação das riquezas, as relações sociais e os lugares de confronto de forças no Brasil atual, e sobretudo em Salvador, são herdados diretamente da época da sociedade colonial – tudo no Brasil gira em torno da escravidão –, vamos utilizar a metáfora do navio, a passagem simbólica pelo Atlântico como inspiração.

2. Completaram-se recentemente trinta anos da chegada de uma atitude e de um modo de fazer música na Bahia até então inédito, e cunhou-se um termo decisivo para identificar o ineditismo do movimento, aliando-se uma palavra retrô e simbolicamente religiosa (axé) a uma palavra que aponta para o futuro e a indústria (music), afinal, o inglês é cool demais para não ser aproveitado em uma determinada chave modernizante – a axé music. O movimento trouxe consigo o aprofundamento de determinadas estéticas, as reafirmações de um padrão de fazer arte, um rearranjo da indústria cultural na Bahia – acomodando-se velhas tábuas em novos espaços do grande navio que nos transporta mar adentro – e, com isso, a capacidade de explicitar o atavismo de alguns dos valores represados e latentes constitutivos da história baiana, dentre eles, a máquina magistral de massacrar e ao mesmo tempo fazer divertir com isso. Nossa fábrica de segredos de engenharias discursivas na construção de pelourinhos.

Todo carnaval transcorre num finalzinho de verão ideal onde empurramos ao mar de circuitos como o Barra-Ondina os modernos navios de transporte de carga, cujos cascos são as cordas – seus novos elementos de engenharia naval-estética. Alardeamos com orgulho riquezas em tabuleiros culinários, afirmações étnicas via cabelos, memórias míticas de reinos encantados de Olorum, afetos difusos de um modo baiano de ´acolher o turista’: só não conseguimos encontrar um lugar de afirmação racional o bastante para a engenharia das cordas dos blocos de carnaval – paredes finas que separam raças e classes na Bahia. Nesses termos, reinventamos o passado, e o lado moderno do nome do movimento – music – sabota e é sabotado pelo seu lado retroativo – axé.

Vence nas academias universitárias e nos salões de festas dos hoteis e das grandes corporações da Bahia um termo culturalmente marcado por seu traço discursivo conservador – a ancestralidade. Houve uma espécie de sabotagem culturalista do que se localiza no ancestral. Um golpe arquitetado na valorização de uma certa forma de convivência de práticas já desgastadas oriundas do Brasil colonial profundo. As cordas dissimulam perfeitas indústrias de armas invisíveis. Um modo de arrecadação de impostos, forma indolente de atrair o “turismo”. É irônico, e diz muito sobre conformismos e indolências, que a única indústria de dividendos que se leva a sério na Bahia foi e é construída pela geografia das paisagens costeiras litorâneas (dada de presente pela topografia) e por mãos escravas de ontem, mesmas mãos negras de hoje: ontem na lavoura e no arado, hoje nas cordas que protegem não se sabe bem de quê os turistas endinheirados.

Se as cordas encurralam os turistas, eles mesmos experimentam e exercitam formas de se apoderar das mãos negras que os protegem do imprevisível, talvez do vento que sopra da praia. Forma de lucro demoníaca, como se verá nas linhas que seguem. Para isso, faço um intervalo para relembrar histórias contadas no livro “O Navio Negreiro – uma história humana”, do historiador americano Marcus Rediker: as mãos que constroem a ‘baianidade’ da axé music e simbolizam o seu emblema mais chocante – as cordas dos trios elétricos –  vieram, um dia, em navios negreiros de uma África distante e quase mítica.

3. Navios negreiros, imponentes, mastros gigantescos, ancorados em mar aberto, esperavam pela carga. A chuva fina, uma navalha cortando por dentro, desabava, inclemente, por sobre o corpo de Zaira. O temor da falta de um abrigo estava estampado nos olhos mudos, e ela rezava para que o destino final chegasse mais rápido. Na travessia da ‘Passagem do Meio’ (as águas do Atlântico), exposta daquele jeito, enquanto os homens remavam com dificuldades, a febre era a grande inimiga.  

A mulher viria a saber, depois,  que a varíola houvera invadido o seu corpo, e as pústulas brotando por dentro e explodindo na pele negra, selariam o seu futuro trágico – era só uma questão de dias. A mercadoria, em torno de trinta de seus compatriotas, além de um filho de cerca de 13 anos, capturada quatro dias antes, seria vendida para os traficantes financistas que a aguardavam em cais da Nova Inglaterra, em algum momento do ano de 1791. Não estranhem a coincidência com a mercadoria musical comprada a preço de banana pelos blocos de carnaval e pelas redes de televisão das famílias de pele branca que dominam a indústria cultural na Bahia.

A mulher houvera sido roubada para servir como função escrava. Seria empurrada como um animal para dentro do úmido e escuro convés do navio, e se juntaria a mais 142 pretos amontoados, muitos deles ali há meses, se as pústulas não dessem sinal mórbido de vida.

Um marujo traficante de escravo descobriu “que a mulher estava doente, e pensamos tratar-se de varíola. O capitão ordenou que a pusessem num cesto da gávea amarrada a uma cadeira, temendo que ela contagiasse os outros. Ela ficou ali por dias”. O relato continua: “Você a viu falar ou fazer algum barulho quando foi atirada ao mar ou a viu resistir”?

“Não. Uma máscara cobria-lhe a boca e os olhos.”

A cadeira foi içada para baixo, e mergulhou com a mulher e tudo para ser tragada, ainda viva, pelas águas do mar que cercavam o Polly, um pequeno navio negreiro de dois mastros.

“Você se lembra de ter ouvido algum comentário do capitão depois que tudo terminou?”

“Ele só disse lamentar ter perdido uma cadeira tão boa.” Desse modo, Zaira cumpriu o seu destino na face da Terra.

Jamal vomitou quando foi empurrado para o negrume do convés gelado: o fedor nauseabundo inundava o ar, e ardia já a quilômetros dali. Fora capturado numa emboscada por volta de 1717. Ouvia relatos, tudo muito ainda nebuloso, de que renca de negros, capturados aos arredores de onde morava, era levada para um cativeiro qualquer além mar, para trabalhar como escravo em plantações de algodão, cana-de-açúcar, ou na mais ainda cruel lida de mineração em terras distantes do conhecido Novo Mundo.

Seria possível escapar àquele infortúnio? Amarrado a correntes cortando o pescoço, ou esfolando pernas e pulsos, Jamal quedou, exausto. O seu destino era a travessia. Não havia outra forma de manter-se vivo. Mesmo se, por um milagre, pudesse arrancar aquelas algemas, instrumentos de tortura, conseguir esgueirar-se para fora da embarcação, e atirar-se ao mar, seria iguaria certa para os tubarões que acompanhavam em um cortejo aterrador as embarcações transportando os negros pelo mar adentro.

Pelas frestas do convés, presenciou algo difícil de entender. Era incapaz de imaginar os limites de perversidade e de terror que um ser humano poderia ser capaz de infligir a um outro ser humano: Adélia, amarrada pelos pés, içada para o alto, pouco a pouco foi sendo descida, e antes que a sua cabeça tocasse as águas do Atlântico, um monstruoso tubarão negro abocanhou a metade da mulher, decepando-lhe boa parte do corpo, um véu de sangue manchava as águas, e nas cordas (sempre as cordas), balançando como se fosse um troféu, restava apenas pouco mais da metade de suas pernas. O relato pode ser lido nestas linhas: “Outro capitão escolheu uma mulher ‘para servir de exemplo para os demais’. Ele ordenou que amarrassem a mulher pelas axilas e a mergulhassem na água: ‘Quando mergulharam metade do corpo da pobre criatura na água, ela deu um grito terrível, que a princípio foi atribuído ao medo de afogar-se; logo depois, porém, a água tingiu-se de vermelho por toda a sua volta, e quando tornaram a içá-la, notou-se que um tubarão que seguia o navio abocanhara-lhe metade do corpo”.

Os tubarões eram as armas letais mais infalíveis para evitar sedições e fugas nos navios negreiros. Conta um capitão: “Nossa maneira de atraí-los era rebocar pela borda do navio o cadáver de um negro, que os tubarões seguiam até comer-lhe o último bocado”.

O historiador americano Marcus Rediker assim reconstitui o cotidiano nas máquinas que ajudaram a transportar milhões de negros do continente africano entre os séculos XVIII e XIX para trabalhar como escravos nos sistemas de plantation das Américas – o navio negreiro. A sabotagem da música baiana, pelas grandes corporações de mídia roubou do imaginário negro de onde ela brotou sua forma imagética e simbólica, num processo semelhante ao capital que construía navios negreiros.

Ao longo de mais de 400 páginas, o livro não dá nome a nenhum dos escravos transportados pelos navios. O anonimato permanece nas mãos que seguram cordas para que a axé music aconteça, na subalternidade represada.  Os nomes de negros que aparecem neste texto são fictícios, mas os episódios são reais, documentados por uma pesquisa meticulosa que arregimentou fontes de variados aspectos, que o historiador maneja com maestria.

A ‘Passagem do Meio’ é o momento da travessia das aldeias, florestas e rios africanos até chegar ao Novo Mundo. Rediker deixa de lado hipóteses e motivações ideológicas, discussões sobre superioridade racial são deixadas em segundo plano, e se concentra na vida e no infortúnio dentro da tecnologia que tornou a escravidão uma sombra na história do Império Britânico e das colônias europeias nas Américas.

Nas palavras do intelectual negro americano, W.E.B. DuBois, a história de Zaira, Jamal, Adélia e milhões de outros cidadãos negros é apenas um diminuto episódio do “mais grandioso drama dos últimos mil anos da história da humanidade: a transferência de 10 milhões de seres humanos da beleza negra de seu continente natal para o recém descoberto Eldorado do Ocidente. Eles desceram ao inferno”.

        Nada ambivalente aqui nesse trecho deste texto. A axé music moderniza o mercado de escravos, tornando-o palatável, antes como base econômica, agora para ser vendido no mercado da estética. E moderniza não pela novidade que trazia em si, e mais pelo rearranjo de elementos velhos conhecidos. Só a Bahia consegue oprimir dançando e fazendo dançar. 

A palavra “baianidade”, que dá nome ao simpósio “II Sinbaianidade” – evento acadêmico que tomou lugar na UNEB em Salvador-Bahia, em Outubro de 2015 –, utilizada assim mesmo, no singular, com certas garantias de um modus operandi, também singular, de comportamentos e atitudes, ao mesmo tempo em que abraça uma causa pressupõe uma identidade  unificadora de variadas tendências. Dá a ilusão de que vivemos sob hegemonias construídas a partir de consensos amplos capazes de diluir todos os conflitos. Estamos diante, portanto, de uma espécie de totalitarismo do bem, de uma metafísica politicamente correta, de um monoteísmo afro-descendente. Nada mais mistificador: não há nada de baianidade na Bahia – rastros de sangue são os resíduos da baianidade.

Discursos universalizantes, em letras de músicas laudatórias de uma Bahia incólume ao tempo e a classes sociais e raciais, de tom  monocórdico  na  louvação  bucólica da miséria  –  nossa real condição há séculos –,  tendem a esbarrar em contradições extremas, e precisam enfrentar sub discursos marginais, de cores e matizes diversos. Sub discursos ocultos em páginas de romances, versos de poemas, nas próprias letras dissidentes do axé music, textos sacros, oralidades de variados acentos, sotaques silenciados e ausentes de jornais de famílias brancas, e a violência – a nossa real ancestralidade, o nosso marco zero, o nosso DNA.

O drama que nos consome, transformado em poética de uma Bahia sob a proteção de Orixás, é um dragão vigiando um castelo intransponível pois se transformou numa indústria. Combater a indústria da Bahia folclórica que nos aprisiona é tarefa do quase impossível, já que até a academia que fazemos hoje sucumbe ao respeito falso e lucrativo pelo mundo dos oris. E a música de Gerônimo, “É d´Oxum”, é a síntese acabada da nossa tragédia: “(...) seja tenente ou filho de pescador, ou importante desembargador... toda cidade é d´Oxum”; reverência gananciosa ao circuito Barra-Ondina, tentativa cínica de apagamento da história – os escravos perdiam todas no Judiciário colonial. Essa música ecoa versos de uma consagrada marchinha de carnaval: “(...) o teu cabelo não nega mulata, porque és mulata na cor”.  

O cortejo das cordas assemelha-se em grau e infortúnio ao trabalho escravo das construções das pirâmides no Egito clássico, com um adendo mais perverso: o cortejo das cordas hoje é feito dentro da legalidade. Isso faz recordar um take de cinema: em um determinado momento, a cena aflitiva, uma renca de homens esqueléticos arrastando por cordas uma pedra gigantesca rumo a uma montanha ao longe para a construção de uma pirâmide-lápide, inunda a tela em “Terra de  Faraós” (1955), épico de Howard Hawks.

A atitude clássica dos construtores da poética da baianidade tem como fonte os cordeiros egípcios para ilustrar as nossas paisagens em épocas de carnaval ao impor o silêncio das insurgências e ao dar foco à superioridade moral dos subalternos idealizados e a serviço das casas-grandes do circuito Barra-Ondina. É a subalternidade como moeda de troca, e sua divisão de lucros. É a commodity-subalternidade.

O mito da baianidade pode ser contemplado também na indolência do corpo esparramado sob a lua de Itapoã, cantada em canção pré axé music por diplomata branco com estabilidade no emprego, e contrasta de forma brutal com o corpo das vendedoras de acarajé e das lavadeiras dos bairros vizinhos. A lua de Itapoã, ao fim, não é mais morena: é um negrume fosco, distante, que brilha pouco lá de cima a nos observar severa.

Por fim, convido todos aqui presentes a percorrer o deserto que nos impomos, o abandono que nos assombra, a insignificância, sobretudo poético-musical, que nos constitui, e o fracasso, resultante da insistência em mitificar a Bahia a partir de fundamentos religiosos e musicais – as religiões são utilizadas por estas terras mais como consumo e folclore do que como conhecimento e ascese. Somos vítimas do irracionalismo cantado em verso, declarado em prosa, declamado em poesia. Não existem temas em debate público – o que existe são motes para uma nota desafinada de atabaque, compondo uma marchinha de carnaval, um sucesso de axé music.

Não há discussões – existem temáticas. Combate-se, do ponto de vista acadêmico e crítico cultural, a miscigenação; mas, também, do ponto de vista acadêmico e suas discussões ‘identitárias’, há uma espécie de louvação à miscigenação “de dentro”, a partir de terreiros. Estudos culturais vieram envernizar o mito dessa coisa toda. As armadilhas sempre se renovam. O legado escravo confinado a partir de um viés estritamente religioso erige uma Bahia populista, confunde  mentes mundo afora, como se fôssemos reduzidos a um mundo de Olorum, a uma Atlântida desfocada e desterritorializada, terra sem origem, atemporal.

Não construímos políticos, mas marqueteiros que se deixam fotografar, fingindo respeito pelos preceitos, pelos segredos e pelas obediências, com mães de santo sorridentes aceitando docemente as hierarquias subalternizantes, e impondo elas mesmas as suas hierarquias a subalternizados.

O golpe da Bahia mítica e o fetiche pelo encantado são tocados pelos tentáculos das academias de crítica literária: ao reduzir Jorge Amado a autor propagandista de uma religião específica erigem-se leitura  panfletária, comportamento de desterro, atitude de leitora clássica de folhetins de José de Alencar. Sua literatura é vasta o bastante para tornar a religião ali apenas uma nota de rodapé. A plástica da Bahia que um certo pensamento hegemônico hodierno acadêmico se esforça em clarear tem muito mais em comum com o proselitismo gospel do que com os primórdios das religiões da afro-descendência.

O risco a essas alturas é ser confundido com os históricos algozes dessas religiões, e a tática mais recorrente na academia é o radicalismo retórico, como se não se tratasse de seres humanos em disputa por espaço e poder como todo mundo, mas de semi deuses dos reinos dos oris, donos de verdades absolutas escorados no direito natural de vítimas eternas.

O terreno é movediço, e qualquer ideia levemente questionando onde estamos e aonde nos leva o irracionalismo religioso e suas proibições, o folclore da axé music para consumo torna-se uma posição persecutória, e passamos imediatamente de críticos a inimigos do regime estado islâmico-baiano religioso. A luta contra divindades é perigosa no Brasil de hoje, já que os variados deuses oferecidos no mercado não somente geram dividendos no além, mas, sobretudo, dividendos imediatos em suas suntuosidades de templos e suas defesas banhadas a ouro promovidas por intelectuais que atuam como funcionários públicos – testemunhamos a vitória do edital.

Gostamos de ouvir analistas denunciando a atuação violenta e pecaminosa da bancada da bala e dos evangélicos no Congresso Nacional de uns tempos para cá, como se a releitura baiana dessas tendências conservadoras não fosse histórica e cristalizada, e sobrevive como um desafio aos nossos mais respeitáveis instintos pacifistas e republicanos. O candomblé é de direita.

Ao menos, sob iniciativas de religiões cristãs, milhares acenderam velas em nome de seus mortos em massacres nos Estados Unidos e na Europa recentemente. Os massacres de negros na Bahia cumprem seus rituais de silenciamentos: nenhum despacho foi depositado nas encruzilhadas do Cabula em memória dos mortos que tombaram às vésperas do carnaval deste ano de 2015, em mais um “confronto” com a polícia. E nem o “Sinbaianidade” se interessou por esses assuntos. Massacres modernos de pretos jovens na Bahia ecoam o cortejo dos tubarões ao redor dos navios negreiros de séculos atrás. O candomblé e a axé music continuaram empunhando seus atabaques como se nada tivesse acontecido: como no conto “O cururu”, de Jorge de Lima: “(...) A barriga disforme e negra desapareceu na goela dilatada da cobra. E, num minuto, as perninhas do cururu lá se foram, ainda vivas, para as entranhas famélicas. O coro imenso (de rãs e sapos) continuava sem dar fé do que acontecia a um de seus cantores”.  Abandono e indiferença compõem a identidade baiana.

Candomblé e axé music são culturas folclóricas que não se relacionam de maneira orgânica com a cidade, e preferem pintar a imagem sob medida para turistas desavisados – são lembrancinhas da Bahia, a mercadoria ideal do Mercado Modelo.

A baianidade, nossa marca, é a violência. “Cuidado para não ser morto em Salvador” é a placa ideal de boas vindas aos turistas. A seleção natural baiana não passa de uma corrida sangrenta e brutal para ver quem vive mais. Não se sabe, contudo, que se não houver para todo mundo não vai haver Bahia para ninguém.

 


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