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POR QUE SOU A FAVOR DA SUSPENSÃO DO CURSO DE PEDAGOGIA EM BRUMADO NESTE MOMENTO

POR QUE SOU A FAVOR DA SUSPENSÃO DO CURSO DE PEDAGOGIA EM BRUMADO NESTE MOMENTO

                             João Batista de Castro Júnior, Professor do Curso de Direito, UNEB, Brumado.

Nos três anos que passei em Brumado, pude ver de perto que o campus opera com nota distintiva clara no âmbito discente: grande calor humano aliado a enormes carências materiais e afetivas, as quais jogam triste papel de desilusão pessoal, a ponto de alguns estudantes pensarem em abandonar seus cursos, o que é agravado pela ausência de amparo estrutural: não há assistência médica, psicológica ou psicopedagógica, que seriam essenciais num ambiente universitário desse porte. Mas isso chega a parecer um problema inexistente, porque ninguém fala em fazer nada.

Quando algum aluno cai necessitado de uma abordagem profissional dessas, é um deus-nos-acuda, pois o velho discurso do “não tem dinheiro” é logo estampado pelos dirigentes envolvidos. Parece faltar dinheiro para tudo: para apoios urgentes, para eventos, às vezes até para consertar um ar condicionado.

O que tem de sobra são falsas promessas e burocracia. Exemplo candente disso se viu no caso da estudante que sofreu enorme violência pela sistemática perseguição feita por um tresvairado psicopata, que chegou a ser aprovado em vestibular para ficar mais próximo a ela, que, por óbvio, se desestabilizou emocionalmente. Presenciei meses a fio seu martírio para conseguir algo simples a um Reitor: transferência para o Curso de Direito em outro campus da mesma UNEB. Poderia ter acontecido o pior nesse intervalo de tempo em que ela simplesmente não conseguia nem falar com o dirigente máximo, que só aparece em época de eleições,  ao lado de seus candidatos, todos com sorrisos amarelos e dissimulados, prometendo o que nunca cumprem.  

Dentro desse contexto é que acho que pensar em criar despesa com mais um curso (e o volume de gastos não é pequeno), antes de arrumar a casa com itens de vital importância para a vida universitária, é mais ou menos como acrescentar água ao feijão e achar que se está produzindo alimentação decente para os novos comensais.

Sempre achei estranho que muitas vezes eu tenha ouvido de algumas bocas da UNEB em Brumado: “obedeçamos à Constituição”, “obedeçamos à lei”, “obedeçamos ao Regimento”. Com o perdão da dureza, isso parece um universo “esquizofrênico” em que, no atacado, se fala de legalidade, mas, no varejo, se tricotam ilicitudes.

No caso particular do Curso de Pedagogia em Brumado, ele não foi autorizado pelo CONSU. O que poderiam fazer o Reitor e a Diretora em prol dos alunos se amanhã, no meio ou no fim do trânsito curricular, o curso fosse considerado ilegal por decisão do Tribunal de Contas do Estado ou mesmo da Justiça? Pode-se antever o que diriam: "fizemos na melhor das intenções". Mas, para usar de uma puída expressão proverbial, de boas intenções o inferno anda cheio. 

Não, não vou dar minha adesão a ilegalidade alguma como muitos fazem até em troca de afagos e tapinhas nas costas!

Em arremate: quando consentimos que leis e regulamentos sejam torcidos ao sabor das conveniências pessoais, não poderemos nos queixar se eles forem torcidos para nos gerar inconveniências.

Assim, por exemplo, se o Reitor, a pedido sabe-se lá de quem e por qual motivação, pode instalar um curso sem autorização do CONSU, mesmo o Estatuto e o Regimento Geral dizendo o contrário, está se permitindo que amanhã ou depois ele possa baixar ato extinguindo o Departamento sob a alegação, de flagrante miopia jurídica, de urgência e relevância.

A reverência à Lei é, pois, o penhor da liberdade.  Portanto, não sei de onde certas pessoas tiram alento para patrocinar ilegalidades que futuramente podem fazer com que oficiais de justiça, acompanhados de policiais, batam às suas portas, como já aconteceu a um ex-dirigente da UNEB, acusado de desvio de milhões.


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